domingo, 5 de dezembro de 2010

Um Centro para a Matéria de Filosofia?!


Há opiniões correntes e opiniões “corretas” (ortodoxias), que o eclético e o filósofo são frequentemente acusados de burlarem enquanto regras do bom senso, inclusive atualizando tipologias do que seria a saúde mental e da insanidade, de viagem e da demência, da loucura e da ilusão, dos trabalhos e dos jogos. Na verdade a emergência dos filósofos na história que se levanta se dá com fórmulas (ou máximas, aforismas, “fragmentos”, etc.) que também operam com poderes reais do pensamento e da palavra ainda impregnada dessas idéias em ação, e como divisores de águas entre as forças de expressão, as afirmações de saber, as frases de efeito e um ajuizamento mais articulado e consequente. Tamanhos impactos sabidamente atravessam as obras dos filósofos que seguem clássicos, inclusive.

Sem compreensões de mundo, mesmo que provisórias ou mitológicas, estaríamos de fato mais cegos que poeta cantador, mais cínicos que cães, menos “empoderados” do que os tagarelas, mais “fora da casinha” que ouvido de mercador (mouco ou surdo) – só para nos valer de alguma figura chave da linguagem mais universal entre jovens, adultos e crianças, tão cotidianamente disputada na construção da vida social alavancada pela própria postura humana ou compostura profissional, ou orientação familiar, ou instrução estudada, "ligada".

Nossos projetos de urbanidade são temas de “cidadania” mas também filosóficos, como é consabido até pelo diálogo de Platão “A República” – possivelmente o seu mais citado por conta da alegoria da caverna, que reafirma a mais famosa clivagem entre ser racional, culto, conhecedor, e possuidores mais ordinários de alguma opinião, entre atitudes intempestivas, etc. Também a modernidade tem suas legendas em Filosofia, e René “Penso logo existo.” Descartes também pensa condições de uma urbanidade projetada aos modos de um sujeito soberano a arquitetar solitariamente a cidade. Outros idealismos podem parecer hoje mais condizentes, se escutarmos mais vozes na tão palpitante História das Idéias e controvérsias, ou montarmos minimamente uma carteira de argumentações alfabetizadas, documentando e noticiando um pouco as próprias leituras ao longo da escolarização (ou argumentação ajuizadora). Dou meu próprio exemplo de ter que ler um artigo no mínimo bastante curioso - ao mapear artes e idéias para a minha apresentação, em grupo de dois, deste ano, num “café filosófico” - de Dalva Aparecida Garcia, Coordenadora Pedagógica do Centro Brasileiro de Filosofia para Crianças (CBFC). Mas a idéia de Centro, para a urbanidade da matéria referida no meu presente título, é inclusive geométrica: um objetivo permanente, e muito especial para segundas séries escolares, mudando a idéia de um castelo na Filosofia e indo à caça de uma “primeira divisão” moderna dos pensamentos em sua tela (estudantil) de questões ou trabalho.

Cada relatório ou composição de leituras devidamente apresentadas com suas intenções, já acordadas e coletivizadas, ou não, é uma “interface”, instância (de próprio punho, pulsante, ou de “impressões”) de avaliações almejadas nem que para dar conta de suas próprias atividades notáveis já desta Escola tão acusada de medieval mesmo por colegas, por exemplo de Educação Física? Ora, também dá-se muita “bola” aos corpos, até mesmo em Filosofia Moderna, quando se tomam certos conhecimentos de Frederico Nietzsche, “já” tão crítico de Platão, por exemplo. Descartes, por sua vez, chega a ser tomado como um pensador “tradicional” nos ensinamentos críticos da famosa Escola de Frankfurt.

Filósofos costumariam ser idealistas ao seu próprio modo. O que partilho é a constatação deles escreverem sim, e “em língua de gente”: se for analisar, o problema de não se conseguir entender "obviedades" do outro não é necessariamente mais grave com "filósofos". A noção da própria língua é que dá mais voltas que rolinho de pintor por aí, criando “sintonia” de certas frequências (estudadas pelos lingüistas), dialetos e idiomas. Mesmo que esta noção da própria língua possa estar “mal sintonizada”, e mesmo quando se aumenta “volume” (a intensidade, e a duração) do “som”, como que só para tentar outras pronúncias e dinâmicas, podemos ser idealistas acreditando numa aprendizagem evolutiva do repertório atitudinal do pobre ser humano. Agora durma-se (e acorde-se) com “musicalidades internacionais” dessas e outras (os dois outros elementos constitutivos dos sons, que são a sua tonalidade e o seu timbre, a “personalidade”, não enriquecem sempre relações comunicativas, conseqüentes, principalmente num nível psicológico?)!

Só “o sono da razão cria monstros”, como nos diz um provérbio de artistas. Também existe “o sono da beleza”, não é? A propósito de trabalhos (de) vivos, de entrevistados e/ou articulistas (tão apreciados e renomados como autores em nosso eventualmente controverso campo, como velhos amigos podem ser) tratando de Escola, de Frankfurt inclusive: uma breve conversa com Olgária de Matos e mais dois "artigos" de Paulo Guiraldelli Jr. referindo-se elogiosamente à mestra (mas talvez nem tanto ao seu batalhado avanço em idade). Nem precisaria alertar para o risco de se apaixonar: quem fica rapidamente caidinho é que precisa tomar cuidados especiais. Estas e tantas prosas filosóficas tem seus bons momentos, que sirvam de inspiração e energizantes, restaurantes!

Um comentário:

  1. a filosofia é uma area que comprime todo o pensamento desde o moderno ate o maios recente acho que esse seu trabalho é muito interessante pois procura expilcar e questionar o ser humano

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