sábado, 11 de dezembro de 2010

Para quem gosta (ou quer gostar) de dançar


Quem não faz gosto de frases de efeito? Fogo é encarar a diversidade das traduções, quando ficam famosas, mas trago a que encontrei primeiro de uma das mais clássicas de Friedrich Wilhelm Nietzsche "Somente quem tem o caos dentro de si pode dar à luz uma estrela bailarina."

Lemos aos fragmentos, e aos textos desagregados, às passagens e citações, às expressões pulverizadas pelos sistemas do mundo, com muita "normalidade", não? "Eu só poderia crer num Deus que soubesse dançar" é outra oração que leva a sério desta bela arte tão partilhada e apreciada.

Geralmente parabenizamos quem se liga, aprofunda, ou se qualifica de alguma forma para situar questões, mas aqui vai uma singela homenagem a quem baila, bicho ou gente, mesmo que insista em colocar esses sons para organizarem visuais ou movimentos (quando a coisa fica "animal" de mais, não seria recurso até recomendável, mesmo sobrepondo muitas "informações"?). Bons passos e balanços aos nossos navegantes, e durma-se com algum embalo desses!

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Nota sobre a pesquisa de Imagens


Evidentemente nos deparamos com muitas figuras não explicadas, ao contrário desta aqui, de uma escultura que mais me parecia um monumento às fileiras de cinema, mas que é de fato "um documento de 1972, momento em que determinei que as pessoas importantes constituiriam o sofá”, diz Pye Engstron (Estocolmo-Suécia). Talvez não houvesse por que fazer referência às "companias" de Paulo Freire ali, ou “linkar” o blogue em que a encontrei, nessas buscas de imagens de “trabalho escolar” com outras coisas e “mapas”. Mas ao menos guardo a informação, com outras, que ainda podem render descobertas!

sentidos da aprendizagem que se imprimem aos documentos do trabalho escolar


No mais, o registro das questões “de onde viemos?” e “para onde vamos?” se reflete no que se esperaria de qualquer trabalho escolar enquanto documentação apreciável de um processo de aprendizagem: o que se pretendia (introdução), como se pensou isso (desenvolvimento), eventualmente com quais outros recursos se pensa também poder fazer (metodologia, quando há uma contribuição para novos caminhos, ou uma disposição de empregabilidade, e portanto a “grande novidade” geralmente reservada à academia, à ciência), e o que se avalia da experiência com o assunto (conclusão, geralmente recapitulando os balanços apresentados).


Ao menos uma apresentação introdutória do tema e da pesquisa ou do seu projeto em particular, com sua série de desdobramentos e desenvolvimentos, e uma conclusão correspondendo ao que se propunha na introdução, se praticavam nas minhas escolas fundamentais e ainda espero que saibam (ou aprendam a) fazer em escolas de ensino médio. Por exemplo, em Geografia íamos frequentemente mais a enciclopédias e almanaques do que aos próprios mapas, e basicamente trocávamos as expressões para não transparecer maior crueza da cópia ou “preguiça de pensar” (em História já alternávamos narrativas e descrições, levantando interpretações explicáveis, justificadas, dos acontecimentos).


Acredita-se (e imagino) que exercitar tais letramentos melhorem inúmeras outras modalidades da organização de saberes, mas que ao menos umas formalidades façam sentido, principalmente para os estudantes (aos quais tantos estamos mais diretamente voltados). Possuir parâmetros, afinal, também podem servir, multiplicando a força dos próprios exemplos, como modelos condizentes, para romper com eventuais vícios (já tão revoltantes) que nos submetem. Em termos de iniciação ou matéria de Filosofia, essas formas do “trabalho” organizam o caráter criativo do pensamento crítico, dinamizando comunicações e abrindo caminho para podermos falar/tratar dos meios, dos métodos (e enquanto atitudes, por sinal, e “cultura”).

Empregando a primeira pessoa... do plural.


Do que é que estamos “falando”?
Gente, épocas, e exibição de realizações e posicionamentos orientados literariamente e situados (social e politicamente) com respeito às transformações e aos conflitos da sua própria cultura ou civilização: por mais contagiante o assunto, cabe perguntar
Por que?
Os saberes tem sido usados como formas de domínio cada vez mais, e sensíveis (embora haja controvérsias), se alterando conforme os disputamos, enchendo ou montando feiras e exposições ou painéis puxando reflexões que podem até ser mais interessantes em segundos momentos do que na sua própria definição ou configuração inicial, mas no mínimo mobilizam atitudes e elaboram sim preferências e referências, posturas e linguagens (meditações e gestos, atos).
Minha resposta já aponta a outra, para probemas de tempo e práticas com diversas opiniões de qual seria o melhor momento para o que vale a pena: o que será melhor fazer – ou mesmo seguir batalhando para que eventualmente seja feito? Convenhamos serem questões raramente discutidas, mas não raro aludidas pelos estudantes em termos de discrepâncias irreconciliáveis ou, ainda mais escandalosamente, de divisões “naturais” entre os colegas e os convivas. Vale a resposta prática, que manuseia as fontes de documentação estudantil e escolar produzindo e aprimorando conhecimentos, como sugerimos, mais altas repercussões, em que se espera que os outros tenham prioridades que correspondam. Ao menos quando demonstram-se prioridades a envolverem “o outro”, operacionalizando a diversidade do seu juízo. Caso contrário acusamos as condições do tempo, das relações no trabalho, no amor, na sorte ou até mesmo nos estudos. Mas as prioridades deveriam supor (inclusive) objetivos satisfatórios mínimos e uma série de meios, talvez mais ou menos gratificantes, nas suas realizações – razão pela qual pode ser tão dramática, inclusive, a falha no entendimento dos sinais dos outros, ou a desmotivação para acordarmos expressões de boa intencionalidade e “bom gosto”, respeito e até eventualíssima exaltação.
A escola, ainda mais que o blogue, é um lugar de encontro e lida com a diversidade dos ajuizamentos e dos “juízos”, em que aprendemos a lidar com os tempos de cada atividade e correspondência, eventualmente em termos de notas correspondentes. Nossas produções são sempre datadas, e isso se pesa – conforme podem se enriquecer com as novas produções – para evitar privilegiamentos, tão somente. Dificuldades no planejamento e na própria previsibilidade abalam a credibilidade, um valor operacional do professor, que entretanto segue prometendo ajudar quem não larga mão de fazer por si a diferença, não desiste de comparecer e contribuir com sua letra, sua expressão de leitura, sua problematização e eventuais conclusões. Em forma de redações, cujas oportunidades mais comprometidas se dão em cada fraseado interrogativo lançado em aula (e aqui repercutidas), relatório de discussão em grupo, pesquisa, também de estilo coletivo, plural, ou mesmo individual, reportando pessoalmente a composição – digamos que de informes e posicionamentos – e/ou projeto em questão. Por exemplo, tematizei no parágrafo anterior um assunto ético/moral que bem pode ser apreciado, desenvolvido (e avaliado), através da pergunta:
Podemos esperar que os outros tenham prioridades que correspondam ao(s) nosso(s) valor(es)/objetivo(s), quando?

domingo, 5 de dezembro de 2010

O Rio de Janeiro Continua Lindo!


O bordão de antológico samba do Gilberto Gil pega agora pesado? Bem relativamente, mas não como o transito usual entre os gostos diversos na moda, ou mesmo eventualmente entre propostas políticas: com um lugar tão afetivamente carregado, o distanciamento é uma arte ainda mais difícil. Os resultados das operações policiais militarizadas ali recebem várias coberturas televisivas com tomadas que poderiam sim nos tocar mais ou menos "de perto". Claro que as coisas nem sempre são como aparentam. Na tradicional adaptação da alegoria da caverna realizada por "Maurício de Souza", a inescapável analogia é entre as cadeias de televisão e as correntes de uma sofisticada escravidão. Hoje em dia até parece que nem precisaríamos aprofundar nalguma filosofia da História em especial para, notando os ângulos e interesses de cada veículo de comunicação, desenvolver consistentes suspeitas... Alguém, por sinal, duvida que a TV seja capaz de ditar (e eventualmente impor) comportamentos? Ou alguém duvida que um momento de bobeira diante de comerciais seja uma informação importante a menos? Mas outras narrações, até informando, ou lembrando, de conflitos históricos, são mais que importantes, mesmo quando em "contrapontos", e um pouco como os nossos movimentos cotidianos de alfabetização, ou filosóficos.


Algumas entrevistas ao menos fazem abrir olhos para alguns pingos nos is, como na própria TVE, o Roda Viva com Luiz Eduardo Soares – antropologo e ex-Secretario Nacional de Seguranca Publica, e inclusive de Segurança Pública do RJ, escritor dos livros Cabeca de Porco (com MV Bill e Thaide), Espirito Santo, Elite da Tropa (com Rodrigo Pimentel do BOPE) – fazendo históricos de onde esbarraram os projetos de política de segurança para o Rio de Janeiro (com Garotinho anunciando a sua candidatura à presidência, mudando a coalisão política) e para o país (com um pessoal barra pesada aconselhando o Lula a não chamar para si a tarefa mínima e finalmente acordada, pelo próprio Luíz Eduardo entre os governadores). Compensa conferir também essa sua expressão blogueira que tem muitos "momentos", também mantendo uma expressão articulada, até condizente com a "agitação cultural" do Roda Viva, atualizada e focada no reconhecimento de processos históricos ignorados pela TV e em tantas gestões institucionais.

Selecionei mais uma entrevista de fôlego e elucidativa (esta colhida de "rede social", por ente muito querida), um alerta tocante aos (pós-)conceitos flagrados na tv e finalmente um artigo elegante e sucinto a respeito das mudanças pelas quais seguimos no mínimo "torcendo".

Um Centro para a Matéria de Filosofia?!


Há opiniões correntes e opiniões “corretas” (ortodoxias), que o eclético e o filósofo são frequentemente acusados de burlarem enquanto regras do bom senso, inclusive atualizando tipologias do que seria a saúde mental e da insanidade, de viagem e da demência, da loucura e da ilusão, dos trabalhos e dos jogos. Na verdade a emergência dos filósofos na história que se levanta se dá com fórmulas (ou máximas, aforismas, “fragmentos”, etc.) que também operam com poderes reais do pensamento e da palavra ainda impregnada dessas idéias em ação, e como divisores de águas entre as forças de expressão, as afirmações de saber, as frases de efeito e um ajuizamento mais articulado e consequente. Tamanhos impactos sabidamente atravessam as obras dos filósofos que seguem clássicos, inclusive.

Sem compreensões de mundo, mesmo que provisórias ou mitológicas, estaríamos de fato mais cegos que poeta cantador, mais cínicos que cães, menos “empoderados” do que os tagarelas, mais “fora da casinha” que ouvido de mercador (mouco ou surdo) – só para nos valer de alguma figura chave da linguagem mais universal entre jovens, adultos e crianças, tão cotidianamente disputada na construção da vida social alavancada pela própria postura humana ou compostura profissional, ou orientação familiar, ou instrução estudada, "ligada".

Nossos projetos de urbanidade são temas de “cidadania” mas também filosóficos, como é consabido até pelo diálogo de Platão “A República” – possivelmente o seu mais citado por conta da alegoria da caverna, que reafirma a mais famosa clivagem entre ser racional, culto, conhecedor, e possuidores mais ordinários de alguma opinião, entre atitudes intempestivas, etc. Também a modernidade tem suas legendas em Filosofia, e René “Penso logo existo.” Descartes também pensa condições de uma urbanidade projetada aos modos de um sujeito soberano a arquitetar solitariamente a cidade. Outros idealismos podem parecer hoje mais condizentes, se escutarmos mais vozes na tão palpitante História das Idéias e controvérsias, ou montarmos minimamente uma carteira de argumentações alfabetizadas, documentando e noticiando um pouco as próprias leituras ao longo da escolarização (ou argumentação ajuizadora). Dou meu próprio exemplo de ter que ler um artigo no mínimo bastante curioso - ao mapear artes e idéias para a minha apresentação, em grupo de dois, deste ano, num “café filosófico” - de Dalva Aparecida Garcia, Coordenadora Pedagógica do Centro Brasileiro de Filosofia para Crianças (CBFC). Mas a idéia de Centro, para a urbanidade da matéria referida no meu presente título, é inclusive geométrica: um objetivo permanente, e muito especial para segundas séries escolares, mudando a idéia de um castelo na Filosofia e indo à caça de uma “primeira divisão” moderna dos pensamentos em sua tela (estudantil) de questões ou trabalho.

Cada relatório ou composição de leituras devidamente apresentadas com suas intenções, já acordadas e coletivizadas, ou não, é uma “interface”, instância (de próprio punho, pulsante, ou de “impressões”) de avaliações almejadas nem que para dar conta de suas próprias atividades notáveis já desta Escola tão acusada de medieval mesmo por colegas, por exemplo de Educação Física? Ora, também dá-se muita “bola” aos corpos, até mesmo em Filosofia Moderna, quando se tomam certos conhecimentos de Frederico Nietzsche, “já” tão crítico de Platão, por exemplo. Descartes, por sua vez, chega a ser tomado como um pensador “tradicional” nos ensinamentos críticos da famosa Escola de Frankfurt.

Filósofos costumariam ser idealistas ao seu próprio modo. O que partilho é a constatação deles escreverem sim, e “em língua de gente”: se for analisar, o problema de não se conseguir entender "obviedades" do outro não é necessariamente mais grave com "filósofos". A noção da própria língua é que dá mais voltas que rolinho de pintor por aí, criando “sintonia” de certas frequências (estudadas pelos lingüistas), dialetos e idiomas. Mesmo que esta noção da própria língua possa estar “mal sintonizada”, e mesmo quando se aumenta “volume” (a intensidade, e a duração) do “som”, como que só para tentar outras pronúncias e dinâmicas, podemos ser idealistas acreditando numa aprendizagem evolutiva do repertório atitudinal do pobre ser humano. Agora durma-se (e acorde-se) com “musicalidades internacionais” dessas e outras (os dois outros elementos constitutivos dos sons, que são a sua tonalidade e o seu timbre, a “personalidade”, não enriquecem sempre relações comunicativas, conseqüentes, principalmente num nível psicológico?)!

Só “o sono da razão cria monstros”, como nos diz um provérbio de artistas. Também existe “o sono da beleza”, não é? A propósito de trabalhos (de) vivos, de entrevistados e/ou articulistas (tão apreciados e renomados como autores em nosso eventualmente controverso campo, como velhos amigos podem ser) tratando de Escola, de Frankfurt inclusive: uma breve conversa com Olgária de Matos e mais dois "artigos" de Paulo Guiraldelli Jr. referindo-se elogiosamente à mestra (mas talvez nem tanto ao seu batalhado avanço em idade). Nem precisaria alertar para o risco de se apaixonar: quem fica rapidamente caidinho é que precisa tomar cuidados especiais. Estas e tantas prosas filosóficas tem seus bons momentos, que sirvam de inspiração e energizantes, restaurantes!